No livro O Homem Domado (1971), a autora Esther Vilar oferece uma análise provocativa sobre as dinâmicas de gênero e a relação entre homens e mulheres. Sua proposta central é que as mulheres, em muitas sociedades ocidentais, têm uma visão instrumentalizada e estratégica dos homens, em vez de vê-los como indivíduos com os mesmos direitos e autonomia.
De acordo com Vilar, as mulheres tendem a ver os homens como meios para atingir seus próprios objetivos. Ela sugere que, no fundo, as mulheres não se preocupam com os homens em termos de afeto ou igualdade, mas os percebem principalmente como ferramentas para realizar suas próprias necessidades, sejam elas emocionais, financeiras ou sociais. Vamos aprofundar alguns pontos-chave dessa visão:
Vilar afirma que as mulheres historicamente dominaram os homens emocionalmente, mas usaram a necessidade deles de "proteger" e "cuidar" para manipular a situação. Ela argumenta que, ao longo da história, as mulheres estabeleceram uma dinâmica onde os homens são vistos como provedores financeiros e materiais, sendo essenciais para a manutenção do bem-estar da mulher e da família.
De acordo com essa visão, as mulheres, muitas vezes, não olham para os homens com uma perspectiva de igualdade, mas os veem como uma fonte de segurança material, dependendo da sua capacidade de prover recursos.
Esther Vilar também afirma que as mulheres utilizam sua capacidade de manipulação emocional para controlar os homens. Ela sugere que muitas mulheres percebem os homens como alvos de manipulação, que podem ser seduzidos, iludidos e influenciados através de suas emoções, como o desejo de ser admirados, valorizados e amados.
Nesse sentido, ela sugere que as mulheres, de forma estratégica, exploram as necessidades emocionais dos homens para obter benefícios pessoais, seja para obter segurança financeira, status ou uma vida confortável.
A ideia central de O Homem Domado é que os homens, ao longo do tempo, foram "domados" pelas mulheres, no sentido de que a sociedade, por meio das expectativas sociais e dos papéis de gênero, condicionou os homens a se submeterem às necessidades e desejos das mulheres, muitas vezes em detrimento das suas próprias necessidades e desejos. Vilar argumenta que os homens, ao tentar agradar as mulheres e cumprir suas expectativas, acabam se tornando prisioneiros do papel de provedor e protetor, perdendo sua autonomia e liberdade.
Em vez de ver os homens como parceiros emocionais, muitos homens são percebidos como uma ferramenta prática para atingir os objetivos das mulheres. Isso pode incluir, por exemplo, ser uma forma de subir socialmente, garantir conforto material, ou ter filhos que contribuam para a estabilidade da família e a continuidade da sociedade.
Vilar também aponta que, muitas vezes, as mulheres utilizam o sexo e a maternidade como formas de controle sobre os homens. Ela sugere que as mulheres sabem que, ao exercerem esses papéis, elas podem manipular os homens para obter o que querem, seja estabilidade financeira, status social, ou outros recursos. Nesse sentido, a sexualidade e a maternidade são, para muitas mulheres, meios de poder.